quarta-feira, 8 de maio de 2013

DE ONDE VEM NOSSA INTOLERÂNCIA.


De onde vem nossa intolerância?

POR FERNANDO MORETTI 

O psicólogo Fernando Luís Moretti da Silva explica os mecanismos da falta de aceitação em relação ao outro e a nós mesmos

“Intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões” – na explicação da Wikipédia.

Já para a Medicina, é a impossibilidade de um organismo suportar certas substâncias (como morangos, peixes, tinturas para cabelos ou remédios, por exemplo) que em si não são tóxicos, mas às quais um indivíduo tem alergia.


Tratando-se de Psicologia falaremos da “atitude mental” pela falta de habilidade ou vontade. Tolerar significa “discordar pacificamente” e é a emoção que a diferencia da tolerância. Como desenvolvemos essa “alergia mental”, essa emoção negativa como o racismo, sexismo, homofobia, intolerância religiosa entre muitas outras?

Freud falava em mecanismos de defesa do ego e do superego, ou seja do “eu psíquico e do eu social”. Esses mecanismos podem ser categorizados em negativos, intermediários ou até positivos, porque na verdade todos eles atuam para que o organismo sobreviva e se realize.

Quando negativo, existe a realização na criação de uma neurose, mas com os outros tipos é possível levar uma vida sem a sensação de doença, do ponto de vista psicológico.

A psicoterapia sempre pode nos ajudar a entender tais mecanismos e saber a serviço de qual ameaça estão sendo usados. Não necessariamente de uma só, podem ser várias. Daí, surge a falta de habilidade ou vontade em experenciar a tolerância, ou seja, ficamos bloqueados ao entendimento devido nossas próprias defesas.

Deixando a teoria de lado e passando à prática, o que visualizamos? Intolerância, desinteligência, abusos de comportamento…E partindo para o núcleo social como o lar e a família, o que percebemos?Pequenas intolerâncias desfazem um vínculo que só fantasiosamente seriam duradouros. Forjado com uma liga desconhecida, no primeiro combate se quebra. Aí, percebe-se o quanto era fraca e que na verdade estava sob a égide de atitudes regidas por um emocional inapto e imaturo. Lógico que existem exceções, pois não acertamos sempre mas da forma como os vínculos estão se estabelecendo.

O amor é conhecimento, é participação, exige tempo para experimentar todas as “estações”, pelo menos de uma primavera à outra, passando pelo inverno e verão com a convivência.
Mas temos observado tanto no consultório como no nosso dia a dia com os amigos e parentes certa regularidade no rompimento desses vínculos. “Vão-se os casais, ficam os filhos”.

Penso: “estou sendo muito pessimista quanto essa situação?”. O que tenho visto são os avós serem chamados a intervir, as escolinhas adaptando-se para os jovens magoados por se sentirem culpados com a situação e reagindo, muitas vezes, com mais intolerância.

Mas como perceber a pessoa que eu sou? Pode existir muita incoerência entre o que acho que sou e o que realmente sou. O livreto do mestre José Angelo Gaiarsa, intitulado “O Espelho Mágico”, fala exatamente disso. Quantas vezes por dia eu me vejo e quanto os outros me vêm. Somos muito mais vistos do que nós próprios nos vemos. E consequentemente vemos muito mais o outro do que ele próprio se vê. E existe uma linguagem além da verbal nos contatos. Uma impressão é estabelecida reciprocamente.

Então se começo escutar muito que sou chato, ou arrogante, ou bondoso, ou metido, ou bobo, isso começa me incomodar secretamente. Muito provavelmente é essa impressão que tenho passado, assim como também faço julgamentos dos outros. É conveniente observar os sinais, mas nossas defesas estão prontas para projetarmos, negarmos, refutarmos tais interpretações. Os sinais continuarão a ser dados. Vai do que cada um de nós tem como objetivo pessoal para optar por preocupar-se com isso ou não.

E como sempre, a solução está na valorização do ser, da vida.

Está no entendimento do equilíbrio tão necessário para a manutenção da harmonia. Em perceber o outro e saber que também somos percebidos. Que curtir a natureza significa também se curtir, pois somos parte dela. Temos a Psicologia para recorrermos quando as coisas não vão bem, mas também temos informações de todas as formas para começarmos a avaliar a importância de uma vida e que devemos ser intolerantes com o que nos tolha a liberdade de saber, atuar e amar.

Fernando Luís Moretti da Silva é Psicólogo Clínico. Reside em Santos e tem consultório nas cidades de Santos e São Vicente. Atende crianças , adolescentes e adultos. Com crianças além da ludoterapia trabalha com psicomotricidade. Com adolescentes e adultos, se volta para a psicoterapia analítica, com apoio da bioenergética e arteterapia. Trabalha com dependência química também. 


Site: http://www.fernandomorettipsicologia.com.br/ ehttp://indike.com.br/site/perfil?u=793

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