segunda-feira, 13 de maio de 2013

QUEM SÃO OS PRETOS VELHOS

OS PRETOS-VELHO

Com certeza a mais carismática entidade que povoa os terreiros de Umbanda. A mística doPreto Velho é fruto de condições e circunstâncias únicas em terras brasileiras.
A sofrida vida dos escravos, trazidos da África, já bastante documentada e comentada, fazia com que os indivíduos, em função do penoso e extenuante trabalho a que eram submetidos, somado aos maus tratos, vivessem, em média, somente sete anos após sua chegada ao Brasil.

As mudanças no panorama econômico brasileiro, como a decadência do ciclo da cana-de-açúcar e a redução da atividade mineradora, fizeram com que uma grande leva de escravos migrados, para os centros urbanos, pudesse levar uma vida mais amena e conseguisse ter uma expectativa de vida mais longa.

Mesmo assim as condições de salubridade, nesta época, não favoreciam a longevidade.
Então surge a figura daquele escravo que, apesar das suas condições de vida, alcança idade avançada, personificando o patriarca da raça, cuja sapiência parece lhe ser conferida pelos cabelos brancos.

Nas sociedades tradicionais, a figura do idoso é um símbolo da experiência de vida e um pilar da cultura do grupo a que pertence; aquele que deve ser ouvido e cujos conselhos devem ser seguidos.

Vemos, portanto, o aparecimento de uma entidade cuja linha de trabalho é marcada pela tolerância, rústica simplicidade e um profundo sentimento de caridade. Só quem sofreu na carne as desventuras da vida, pode entender ou se aproximar da compreensão do sofrimento alheio, porque é possível responder a toda violência sofrida, com amor, sem nenhum sentimento revanchista ou de vingança.

Característica típica da raça africana é o apego à vida, alegria que se manifesta em musicalidade e uma sabedoria ancestral quase biológica, que transparece na religião.
A forma como se apresenta nos terreiros de Umbanda, através dos médiuns, é como uma pessoa muito idosa, curvada pelos anos. Às vezes apoiado em uma bengala, com uma voz meiga, algo paternal que atrai a confiança e simpatia de quem ouve.
Com movimentos lentos, típicos de um ancião, geralmente senta-se em um pequeno banquinho ou num pedaço de tronco, fumando seu cachimbo de barro ou um cigarro de palha, queimando seu fumo de rolo.

Gosta de beber desde a cachaça branquinha até o vinho tinto bem forte ou um café amargo. Mas uma de suas bebidas favoritas é a polpa do coco verde, triturada no pilão e misturada com um pouco de pinga.

As histórias que ouvimos a respeito dos Pretos Velhos, são bastante variadas e pitorescas.

Dizem que em vida, foram grandes sacerdotes do culto dos Orixás; que viveram muitos anos devido a seus conhecimentos mágicos, alcançaram a sabedoria e usam estes conhecimentos misturados a um pouco de bruxaria, para os trabalhos de cura e descarrego.

Porém, algumas histórias nos dizem que eles foram homens comuns, que alcançaram a redenção espiritual através dos suplícios do cativeiro. A sua tolerância ao martírio, sem manifestar revolta ou ódio pelos seus algozes e o profundo amor indiscriminado pela humanidade, os ascendeu a um patamar de mestres espirituais.

Outros nos contam que, em vida terrena, os Pretos Velhos eram homens predestinados, encarnados para assegurar um lenitivo ao sofrimento dos escravos, e que, por sua bondade e sabedoria, cativaram a amizade até dos senhores brancos, a quem também acudia com conselhos e curas. Daí a sua relativa liberdade para atender, com suas curas, ao povo pobre e sua misteriosa longevidade que lhe proporcionava a fama de sábio e feiticeiro por viver muito mais que a maioria dos escravos comuns.

A falange dos Pretos Velhos guarda sinais particulares e individuais da origem dos elementos que a compõem. Antigos escravos, estes ainda conservam certas designações que denunciam de qual nação ou tribo africana eram oriundos. Assim encontramos Pai Tião D’Angola, Vovó Maria Conga, Vovô Cambinda, Pai Joaquim de Aruanda, Pai Zeca da Candonga, todos com uma característica comum: a bondade e a doçura com que tratam os fiéis que os consultam, procurando um alívio para suas aflições.
Grandes conhecedores de magia, dos feitiços de Exú e das propriedades curativas das ervas, os Pretos Velhos usam também a fumaça de seus cachimbos, como os pagés e caboclos, para dissolver as cargas e energias negativas que envolvem as pessoas.
Trabalham com passes magnetizantes e indicam banhos de ervas para seus consulentes.
Porém uma de suas características mais marcantes é sua força psicológica. Sustentada pelo conhecimento espiritual, esta entidade surpreende e encanta.

Esta linha traz  desencarnados ligados com o continente africano,isto é, da raça negra,alguns espíritos tiveram sua ultima encarnação na África,outro encarnaram por último como escravos em vários países.É um povo muito sofrido que mesmo incorporados num materia totalmente diferente,sente-se não uma tristeza,mas sim uma marca muito grande em seus olhos marejados.
É uma das linhas mais queridas da Umbanda, pois são os nossos conselheiros,pois até uma bronca eles dão usando palavras meigas e um tom doce, mas não devemos nos enganar com a mansidão deles,poi são entidades que se precisarem trabalham para a cura,para um descarrego,e tem uma força impressionante.

Ensinando, com seu exemplo, a resignação aos golpes kármicos do destino.
Conhecido como o psicólogo dos pobres, o Preto Velho, embasado em sua rica experiência de vida e transpirando a sabedoria da idade, sabe, como ninguém, ouvir e entender os problemas de seus fiéis.

O grande segredo desta virtude está no perdão aos sofrimentos recebidos. Perdão este, sem discurso demagógico, que vem de um sentimento puro de desapego e humildade. Humildade. Talvez seja esta a palavra chave do carisma do Preto Velho.

Carinhosamente, também chamados de pai preto, estes guias ensinam uma importante lição de humildade e resignação diante das adversidades da vida, sem perder a alegria e o bom humor. É comum ouvir, dos mesmos, observações jocosas a respeito dos problemas. Simplificando o que parecia complicado, dando esperanças para fortalecer psicologicamente seu consulente, porque sabe que se fraquejarmos na lida da vida, os problemas se tornam maiores e não suportamos o fardo.

Pai Antônio foi o primeiro preto-velho a se manifestar na Religião de Umbanda em seu médium Zélio Fernandino de Morais onde se estabe­leceu a Tenda Nossa Senhora da Piedade. Assim, ele abriu esta "linha" para nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.

A grande lição que ensinam estas entidades é que colhemos o que plantamos. E esta é uma grande oportunidade para rever os erros cometidos, tomar consciência da nossa responsabilidade por nós mesmos na busca da felicidade.

A característica interessante é a forma descompromissada desta prática espiritual com o formalismo e austeridade presente em outras religiões. O adágio popular de que os velhos se parecem com crianças, tem um profundo senso prático no trabalho dos Pretos Velhos.

A informalidade e humildade destas entidades fazem os fiéis se sentirem descontraídos, como se estivessem na presença de um membro da família ou um velho amigo mais sábio, que lhes atende e aconselha falando francamente, procurando ajudar a resolver seus problemas.

http://umbandadejesus.blogspot.com.br

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