Carta aberta aos seguidores de Gurdjieff
George Ivanovich Gurdjieff ou, simplesmente, Mestre G, trouxe fragmentos de uma doutrina terrivelmente revolucionária. Seus anelos o levaram a muitos lugares, onde se instalaram temporal e circunstancialmente Centros de Saber e Poder. Seu aprendizado, que durou muitas décadas, o habilitou a iniciar um trabalho sobre si mesmo, por meio das técnicas psicológicas fundamentais entregues pelos verdadeiros Mestres de Sabedoria.
Portanto, podemos afirmar que Gurdjieff era um verdadeiro gnóstico, um Buscador do Conhecimento Superior que leva à Iluminação… Entretanto, Gurdjieff conheceu a totalidade do Conhecimento? Foi-lhe passado tudo o que se deveria adquirir para uma realização plena de um Homem? E tudo o que ele passou a seus discípulos e ao público, era tudo o que ele sabia?
Quem sabe a resposta esteja na última frase, proferida por ele, em seu leito de morte, para seus seguidores: “Deixo vocês num beco sem saída”.
Essa Carta Aberta tem como finalidade reafirmar o que o Grande Sheik disse a um seguidor de Gurdjieff, que o Ensinamento nunca esteve apartado da vida do ser humano, ela esteve e está sempre ao alcance dos que realmente querem alcançá-lo. Para nós, estudantes gnósticos, o Conhecimento de Gurdjieff, por mais grandioso que tenha sido, não se extinguiu com sua morte. Ao contrário, ela está tão ou mais presente hoje do que na época do Mestre G e outros Iniciados.
Observe, caro leitor, como a humanidade foi preparada durante todo o século 20. Vieram grandes luminares e entregaram um fragmento da Sabedoria Divina. Temos como exemplos o próprio Gurdjieff, HP Blavatsky e sua Teosofia, Jorge Adoum, Krishnamurti e outros tantos, mais ou menos conhecidos regional e mundialmente. Se analisarmos suas contribuições, veremos que cada linha do Trabalho forneceu uma peça de todo esse gigantesco quebra-cabeças chamado Esoterismo ou, melhor, Autoconhecimento.
A contribuição de Gurdjieff, a nosso ver, foi oferecer ao mundo ocidental um sistema de trabalho psicológico, uma “nova” visão do homem, como um ser integral, e também do Universo. Um dos Sheiks de Gurdjieff afirmou que a doutrina do 4º Caminho (nome dado ao sistema psicológico de Gurdjieff) foi um teste para se saber como a mentalidade ocidental reagiria a esta visão revolucionária. Parece-nos que a aceitação, a reação foi pouco positiva, fazendo com que essa sabedoria fosse momentaneamente deixada de lado.
Porém, outro fator, além da não-aceitação desse sistema psicológico de gurdjieffiano, foi que o Mestre G não tinha o conhecimento completo do trabalho de autorrealização. Seu ensinamento, o 4º Caminho de Gurdjieff possuía muitos buracos, muitos vácuos. Muitas partes e detalhes do Ensinamento eram incompletos ou foram interpretados erroneamente, ou, ainda, foram suprimidas intencionalmente (pelos próprios mestres de Gurdjieff). Por isso se afirma nas fileiras gnósticas que o Ensinamento de Gurdjieff deu muito poucos frutos.
Obviamente, um dos fatores que levaram a isso era que Gurdjieff não tinha a totalidade do Conhecimento Iniciático. Sua doutrina veio fragmentada do Oriente e, mais ainda, foi misturada com sistemas psicológicos em voga na Europa do início do século 20. Não diríamos que Gurdjieff fracassou totalmente em sua doutrina, o que houve é que ela era simplesmente estéril. O ensinamento de Gurdjieff, apesar de portentoso, de ser maravilhoso sob muito pontos de vista, era incipiente, principalmente aos olhos de quem estuda uma doutrina muitíssimo mais abrangente.
Numa análise relativamente rigorosa, vê-se uma série de falhas nos princípios do Ensinamento do 4º Caminho Gurdjieffiano. Eis pontos interessantes para reflexão:
Cosmologia: Gurdjieff posiciona o homem dentro de uma escala de sistemas cósmicos, do Absoluto à Lua. Cada sistema abrange outros menores. Temos o primeiro sistema, que é o Absoluto, ou, como queiram, Deus. Depois, vêm: todos os mundos, nossa galáxia, nosso sistema solar, nosso planeta, o homem, a Lua. Ou seja, tudo isso formando sete sistemas de coisas indicando a posição do homem no Universo. O ensinamento gnóstico vê alguns pontos incompletos nesse diagrama cósmico. O mais importante é o último sistema, ou Tritocosmo, que não é a Lua. O sétimo cosmo vêm a ser precisamente as dimensões inferiores da natureza, chamadas pelas religiões de Infernos.
A doutrina do Eu: O ser humano realmente possui uma grande multiplicidade de fatores mentais, desejos, vontades, gostos, hábitos etc. Cada um desses elementos é regido por uma unidade mental fragmentária chamada Eu Psicológico ou Agregado Psíquico. Na doutrina de Gurdjieff e, posteriormente, defendida por seu discípulo Ouspenski, visa-se na psicologia do 4º Caminho de Gurdjieff uma interação de todos o Eus, formando-se um Eu coeso, íntegro. Ouspenski vai mais longe ainda, defendendo que um único Eu pudesse ser o dominador, controlando os outros Eus. A doutrina gnóstica afirma que não se deve melhorar, nem reprimir, nem fundir, nem renegar etc., a esses Eus. Existe algo mais além da mente, do Eu e do tempo, que é a Essência Espiritual, esse fragmento de Deus dentro de nós, que se encontra preso, enfrascado, dentro de cada um desses Eus. Essa Essência deve reinar soberana, sem nenhuma manifestação ou existência desses Eus Psicológicos. Resumindo: o trabalho supremo do Buscador é precisamente a eliminação total e definitiva de todo e qualquer Eu.
A Kundalini: Gurdjieff, lamentavelmente, confundiu a sagrada Kundalini com sua manifestação negativa, chamada por ele de Kudabüffer, ou Kundartiguador. Ele renegou, obviamente por pura ignorância, essa energia sagrada e ainda a confundiu com sua canalização negativa (representada pelo rabo dos demônios). Isso representou tirar das mãos dos seguidores de Gurdjieff a arma suprema para a erradicação absoluta do Ego, dos Eus, de nossa constituição anímica.
O Corpo Astral: Gurdjieff o chama de corpo Kedsian . O Mestre G afirma que esse corpo também morre, porém bem depois do corpo físico (ou corpo planetário). Essa explicação é certa, porém em parte. A que corpo astral Gurjieff e refere? O corpo astral de um iluminado, de um Mestre, de um ser que encarnou a luz em seu interior? Esse tipo de indivíduo possui um verdadeiro, um autêntico, corpo astral, eterno, consciente, manipulável pela consciência.
Já o nosso corpo astral, melhor dizendo, nosso corpo de desejos, não passa de um fantasma, sem energia, frio, inconsciente, sem força sequer para permitir uma movimentação do indivíduo fora do corpo físico. As viagens astrais de alguém comum e corrente como a maioria de nós são inconscientes, cheias de fantasias, desequilíbrios, projeções etc. Isso acontece ao longo das muitas reencarnações (chamadas pelos gnósticos de Retorno mecânico), sem trazermos à memória nossas experiências fora do corpo.
Quanto à morte do corpo astral, isso ocorre quando se completam precisamente 108 encarnações (ou retornos). A consciência da pessoa que terminou seus 108 retornos a este mundo físico involui, passa a uma dimensão inferior da natureza (as dimensões infernais) e, ao cabo de muitos milhares de anos, esse corpo astral lunar e frio vai se desintegrando. A Essência, ao final desse processo fantástico e doloroso, libera-se dos corpos inferiores, do Ego, dos veículos astral, mental etc., e passa a experienciar de novo todo um processo de evolução imposta pelas forças da natureza.
Finalmente, queremos dizer que a doutrina psicológica de Gurdjieff é maravilhosa. Infelizmente ela sofreu – e ainda continua sofrendo – alterações, adaptações e adulterações e, com o passar do tempo, vai-se distanciando cada vez mais da chama do conhecimento primeiro que alimentou Gurdjieff.
Convidamos o caro leitor a aprofundar-se em seus estudos de autoconhecimento bebendo de uma fonte superior, completa, e que leva indiscutivelmente o Buscador àquela tão almejada auto-realização espiritual. Aquela Escola, Aquele Centro de Conhecimento, já está mais perto do que você imagina, o Conhecimento é mais simples e singelo do que pensamos, embora sua praticidade seja complexa. Por que complexa? Porque o Trabalho Espiritual é uma verdadeira arte, como aquela Ars Magna dos Alquimistas medievais. A Grand Art, ou seja, a Auto-Realização Espiritual, requer muita paciência, muita arte, muito empenho, porém nada é impossível.
Caso você tenha interesse em conhecer este ensinamento sagrado, divulgado nos últimos tempos pelo Grande Mestre Gnóstico Samael Aun Weor, leia o texto abaixo escrito por Ele, o qual nos explica, sinteticamente, a Essência, o Fundamento de sua “tríplice” Doutrina:
“Ainda que se espantem os fracos e os covardes, é urgente dizer que o Caminho que conduz os valentes à Auto-Realização Íntima é espantosamente revolucionário e terrivelmente perigoso. Este é o caminho da Revolução da Consciência! Esta é a senda difícil; a via que os perversos da raça lunar tanto odeiam.
O caminho é oposto à vida comum e corrente de todos os dias. Baseia-se em outros princípios e está submetido a outras leis; nisto consiste o seu poder e o seu significado.
A doutrina de todos os Avataras tem suas raízes nos Três Fatores de Revolução da Consciência: Nascer, Morrer e Sacrificar-se pela Humanidade. O grande Cabir Jesus sintetizou magistralmente a doutrina da Revolução da Consciência quando disse: ‘É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas e que seja rejeitado pelos anciões e príncipes, sacerdotes e escribas; que seja entregue à morte e que ressuscite no terceiro dia… E acrescentou: Em verdade vos digo que alguns não verão a morte, até que vejam por si mesmos o reino de Deus’.
Primeiro Fator: Nascer
“O Filho do Homem nasce na Nona Esfera; o Filho do Homem nasce da água e do fogo.” Vocês sabem muito bem que a Revolução da Consciência tem três fatores: Nascer, Morrer e Sacrifício. Nascer é um problema completamente sexual. No morrer, também entra em função o sexo, e sacrifício pela humanidade é amor. É claro que o sacrifício se cumpre através do trabalho esotérico em benefício de todo o mundo.
Comecemos com o primeiro fator: Nascer. Certamente, o homem é um ser não realizado. Todas as criaturas nascem completas, menos o ser humano. Um cão nasce como cão e como cão está completo. Uma águia nasce como águia, dispõe de grandes asas e uma visão maravilhosa que lhe permite caçar até as serpentes mais distantes; nasce completa. Porém, o pobre animal intelectual equivocadamente chamado homem não nasce completo.
Acontece que ele nasce sem os veículos que deveria ter. Nasce sem o Corpo Astral, sem o Corpo Mental e sem o Corpo Causal. Então, o que é que nasce? Nasce um corpo físico, um “corpo planetário”, com a base vital e nada mais. O que há mais além disso? O Ego, que é de natureza animal. E possui uma Consciência o pobre animal intelectual? Sim, ele a tem, mas está engarrafada no Ego; isso é tudo. Uma CONSCIÊNCIA ADORMECIDA, uma Consciência, diríamos, condicionada ao seu próprio engarrafamento.
Então, resumindo, ele nasce incompleto. O germe penetra em uma matriz para se desenvolver convenientemente e, pelo fato de ter nascido, não significa de modo algum que tenha terminado completamente os seus processos de desenvolvimento. O germe que se gestou num ventre materno e que nasceu, que veio ao mundo, é um germe incompleto em todo o sentido da palavra, porque não possui os CORPOS EXISTENCIAIS SUPERIORES DO SER. Por outro lado, não terminou sequer de desenvolver o próprio corpo físico.
O desenvolvimento total do corpo físico processa-se através das várias idades: 7, 14, até os 21 anos. Graças à ENERGIA CRIADORA, o corpo físico pode ser gerado no ventre materno. Graças à ENERGIA CRIADORA, o corpo físico pode continuar seu desenvolvimento através dos 7, 14 e 21 anos de idade. De maneira que o próprio corpo físico, pelo fato de ter nascido, não está completo; precisa se desenvolver. Infelizmente, vemos como os adolescentes já estão fornicando, sem ainda terem completado seu processo de desenvolvimento.
Isto é manifestamente absurdo, porque essa energia criadora que eles estão desperdiçando é necessária, indispensável, para completar o desenvolvimento do corpo físico. De maneira que, honradamente, a função sexual deveria começar aos 21 anos de idade e não antes, porque antes o germe que entrou no ventre materno não completou ainda seus processos de desenvolvimento. Submetê-lo à cópula é algo absurdo.
Observando bem todas estas coisas, meus estimados irmãos, vale a pena refletir um pouco. Dos 21 anos em diante, a energia sexual está livre para outras atividades. Antes dos 21 anos a energia sexual só tem um objetivo: completar o desenvolvimento físico do germe que nasceu, isto é, completar o desenvolvimento do corpo físico. Após os 21 anos a energia fica livre.
Depois dos 21 anos de idade, poderíamos usar a energia criadora para fabricar os Corpos Existenciais Superiores do Ser e chegar ao Segundo Nascimento. Infelizmente, as pessoas não sabem usar a energia criadora, essa energia que as fecundou no ventre materno, que permitiu o desenvolvimento do feto, seu nascimento e crescimento pelas idades dos 7, 14 e 21 anos. As pessoas não sabem utilizar essa energia quando fica livre. Em vez de utilizá-la para a sua Realização, completando assim sua construção, já que o ser humano nasce incompleto, a eliminam do seu organismo. Bem sabemos que as pessoas extraem do seu organismo o Exiohehari, isto é, o esperma sagrado. Isto é gravíssimo…
Ao tocarmos nesta questão relacionada com o “nascimento”, o Primeiro Fator da Revolução da Consciência, devemos salientar que a humanidade, em todos os sentidos, anda involutivamente. Bem sabemos que os adolescentes não somente gastam o material sexual, a energia criadora ou ESPERMA SAGRADO, com a cópula, mas ainda adquirem vícios como o da masturbação. Este vício, infelizmente, tornou-se hoje em dia mais comum do que lavar as mãos. Os jovens, sejam eles rapazes ou moças, adquirem esse desgraçado vício e assim arruinam miseravelmente seus cérebros; se idiotizam. Quantas vontades teriam sido maravilhosas e se esgotaram! Quantos rostos bonitos murcharam… E tudo isso por falta de instrução…
Realmente, tanto rapazes como moças não recebem nas escolas ou colégios a devida instrução sobre a questão sexual e, claro, o impulso sexual faz com que sintam a necessidade de fazerem uso do sexo. Como não têm orientação, em geral trocam idéias, os jovens com seus amiguinhos e as jovens com suas amiguinhas, e por aí começa o vício repugnante da masturbação. Esta é a desgraça da nossa época, além de outros vícios que, infelizmente, também se tornaram comuns, tais como o homossexualismo e o lesbianismo. Obviamente, os homossexuais são sementes degeneradas que não servem para nada. As lésbicas, igualmente, são sementes degeneradas que jamais poderão germinar.
Portanto, os vícios que existem atualmente em relação ao sexo são insuportáveis. Se os rapazes e as garotas pudessem crescer limpos, com uma educação sexual perfeita e completa, tudo seria diferente. Se na verdade os jovens, homens e mulheres, pudessem chegar até a idade dos 21 anos respeitando o sexo, com pureza real, seria algo admirável e teríamos uma nova geração de seres melhores. Infelizmente, a pobre humanidade não recebe a educação sexual no momento em que mais necessita.
Se recebessem, chegariam saudáveis à idade dos 21 anos e isso seria maravilhoso. Se aos 21 anos, no momento em que a energia sexual fica liberada para qualquer tipo de atividade, a usassem com o propósito de criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser, isso seria formidável.
Obviamente, creio que vocês já conhecem a chave da alquimia: não ignorar o adágio latino que diz: Imnisium membrum virilis in vaginam faemina sine ejaculatio seminis. Em síntese, diríamos: união do “lingam-yoni” sem derramar jamais a Taça de Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande Deus Íbis de Toth. Como vocês vêem, estou dando a chave, simples e clara, porém em linguagem decente, porque ao instruir os estudantes e falar dos Mistérios do Sexo, deve-se fazê-lo com modéstia e de forma viva, jamais em estilo vulgar. Isto seria muito grave para nós, seria uma infelicidade, se formariam conceitos errôneos sobre os nossos ensinamentos. Obviamente, o desejo refreado transmutará completamente o esperma sagrado em energia criadora.
Bem, é conveniente que vocês saibam que a energia sexual, da qual tanto se fala hoje em dia na fisiologia, psicologia, psicanálise etc., é o mesmíssimo Mercúrio dos alquimistas medievais. Essa energia criadora transmutada é o mesmo Mercúrio dos Sábios. Obviamente, tal mercúrio vem a condensar-se ou a cristalizar-se, mediante as notas DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI, em uma oitava superior com a forma maravilhosa e esplêndida do Corpo Astral.
Assim, o Corpo Astral não é um implemento necessário para a vida do ser humano. As pessoas vivem sem Corpo Astral. O Corpo Vital assegura ou garante completamente a vida do corpo físico; não há necessidade de se possuir um Corpo Astral. O Corpo Astral é um luxo que é dado a poucos. No entanto, bem que vale a pena dar-se a esse luxo. Alguém sabe que tem um Corpo Astral quando pode usá-lo, quando pode caminhar com ele, quando pode movimentar-se no espaço com ele. Tal veículo dá a imortalidade no mundo astral; torna alguém imortal nessa região.
Em uma segunda oitava, um pouco mais acima, com as notas DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI, o Mercúrio dos Sábios vem a se cristalizar no famoso e esplêndido Corpo Mental. Quando se possui um Corpo Mental, recebe-se a iluminação diretamente… Com um Corpo Mental, podemos aprender, captar, todos os ensinamentos do universo. Um pouco mais além temos o Corpo da Vontade Consciente.
Ninguém nasce com o Corpo da Vontade Consciente, porém mediante a transmutação da libido sexual, em uma oitava mais elevada, com as notas DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI, o Mercúrio dos Sábios vem a se cristalizar na forma extraordinária do Corpo da Vontade Consciente ou Corpo Causal. Quando alguém já tem os veículos físico, astral, mental e causal, é óbvio que poderá receber os princípios anímicos e espirituais para se converter em homem.
O primeiro nascimento, de onde vocês vieram, foi o do corpo planetário ou corpo físico. O Segundo Nascimento é o nascimento do Filho do Homem, o nascimento do homem, falando concretamente.
De maneira que um dos fatores da Revolução da Consciência é nascer; nascer como homem. No primeiro caso, quem nasce é o animal intelectual; no segundo nascimento, nasce o homem, o Filho do Homem, o verdadeiro homem. Diz-se que o homem verdadeiro é o Homem Causal. Por que se chama o homem verdadeiro de Homem Causal? Simplesmente porque fabricou o Corpo Causal, que é o último dos corpos necessários para que alguém se torne homem. Então, seu centro de gravidade fica estabelecido no Mundo Causal; vive ali, nessa região.
O Mundo Causal tem uma tonalidade azul profunda, intensa, elétrica. Esta é a cor fundamental ou básica do éter, ou akash, akasha puro. Ali se descobre que tudo flui e reflui, vai e vem, sobe e desce, cresce e decresce. No Mundo das Causas Naturais conhecemos todo o encadeamento de causas e efeitos, de efeitos e causas. Toda causa tem um efeito, todo efeito se converte por sua vez em causa. Cada palavra dita, pode dar origem a muitos efeitos, a toda uma série de efeitos.
Em certa ocasião, estando no Mundo Causal, escutei um homem que dava uma palestra. Intencionalmente, interrompi aquele homem para fazer uma objeção a uma palavra sua. Aquele Homem Causal guardou silêncio e agiu muito bem. Mas em seguida vi como apareceu o resultado das minhas palavras, da minha objeção. Aquela reunião terminou de imediato porque o Homem Causal se retirava. Ao terminar aquela reunião, cada um saiu dizendo algo… seu conceito e os conceitos, por sua vez, produziram outros resultados. E esses resultados produziram outros resultados e a outros mais…
Portanto, percebi que a interrupção que eu havia provocado tinha dado origem a uma série de conseqüências. Eu havia agido intencionalmente com o propósito de investigar a Lei de Causa e Efeito e o resultado fora aquele. No Mundo das Causas Naturais é que se vem a conhecer o que é a Lei de Causa e Efeito. Claro, ali se movem os Senhores da Lei com seus pesos e balanças; estão sempre ativos anotando nos Arquivos Akáshicos os débitos e os créditos da cada um de nós.
Em algumas reuniões no Mundo das Causas Naturais, é de causar assombro ver nela reunidos aos diferentes Adeptos encarnados todos vestindo trajes civis, tais quais os que usamos aqui no mundo físico. Não quero dizer com isto que seja sempre assim. Claro que dentro dos templos os Adeptos usam suas vestes sagradas. Porém, em certas reuniões ou assembleias, todos esses Mestres, que têm corpo no mundo físico, assistem-nas vestidos como civis, como cavalheiros, decentemente, como se estivessem no mundo físico.
Usam gravata, roupas bem ajustadas, apresentam-se de relógio no pulso e outras tantas coisas… A que se deve isso? É que essa é a região do Homem, do Homem Real, do Homem Verdadeiro; a região do Homem Causal. De modo que o Segundo Nascimento é nascer como Homem Causal, como homem verdadeiro. Este é, portanto, o primeiro fator da Revolução da Consciência: Nascer.
Segundo Fator: Morrer
“Se alguém consegue passar pela aniquilação budista, se consegue morrer radicalmente, desperta absolutamente, aqui e agora.” Assim como a vida representa um processo gradual e sempre mais completo de exteriorização ou extroversão, da mesma forma a morte do Ego é um processo de interiorização gradativa, no qual a Consciência individual, a essência pura, se despoja de suas inúteis vestimentas, como Ishtar em sua simbólica descida, até ficar inteiramente nua e desperta em si mesma diante da grande realidade da vida livre em seu movimento.
Indubitavelmente, para que a luz, que constitui a essência anímica agora engarrafada no Ego, comece a brilhar, a cintilar e a resplandecer, deve se libertar. Porém, em verdade vos digo, que isto só é possível para quem passa pela terrível aniquilação budista, para quem dissolve o eu e morre em si mesmo. Se o germe não morre, a planta não nasce. É necessário morrer, isto é, o Ego animal deve deixar de existir em nós, em nossa psique, se é que queremos gozar da autêntica iluminação.
Normalmente, os irmãos gnósticos, os aspirantes, nossos afiliados, sofrem muito por falta de iluminação. Eles gostariam de se mover nas regiões inefáveis, visitar o Nirvana, o Maha-paranirvana, escutar a Música das Esferas etc. Mas, ao se verem presos, escravizados nesta região tridimensional de Euclides, ao não poderem perceber todas essas maravilhas dos mundos superiores, sofrem o indizível. É claro que seus sofrimentos são lógicos; têm razão em sofrer.
Uns querem se adiantar aos fatos. Falando em linguagem vulgar, diria que alguns querem pôr a sela antes de trazer o cavalo ou ordenhar a vaca antes de comprá-la; querem ser exploradores do espaço sem terem ainda adquirido as faculdades para isso. Às vezes, metem-se no espiritismo e terminam convertidos em médiuns, etc., cujas práticas conduzem à epilepsia. Todos os epilépticos que investigamos foram médiuns do espiritismo em passadas existências. De maneira que não é nada agradável tornar-se epiléptico; isso é muito duro, muito ruim.
Continuando, direi a vocês que a iluminação não é possível se não se desintegra o Ego. Normalmente a Consciência, aliás anormalmente, porque não se pode dizer que isso é normal, está engarrafada no Mim Mesmo, no Eu da psicologia experimental. É claro que enquanto a Consciência continuar engarrafada no Ego, enfrascada no Mim Mesmo, estará adormecida, funcionando em função de seus próprios condicionamentos. Será subjetiva, incoerente e imprecisa.
Escutei o que me informaram em relação aos ataques de tenebrosos em Guadalajara e o que lhes respondi? Que tudo isso se devia ao subjetivismo do Ego. Que alguns irmãos sejam possuídos por demônios, que as bruxas da meia-noite, montadas em suas vassouras, venham atormentar os bons irmãozinhos, que os ataquem incessantemente, que os ameacem de morte e muitas outras incoerências, parece-me bem mais coisas da seita dos vudu! Na verdade, no fundo, isso me parece nefasto. Porém, nenhuma dessas questões tão incoerentes, tão imprecisas e tão vagas, de bruxas, de vampiros e de cinqüenta mil coisas mais, aconteceria se os aspirantes não tivessem Ego. Tudo isto se deve ao Ego.
Quando foi que vocês ouviram falar que um Gautama Sakyamuni foi atacado por bruxas, que o tenham invadido, que se tenham apossado dele? E que Gautama depois tenha ferido de morte uma outra pessoa gritando: te mato, te mato, vim te matar? Isso jamais se viu entre Iniciados!
De modo que tudo isso acontece entre pessoas que têm Ego. Não havendo Ego, não há nada disso, porque quando destruímos o Ego, quando passamos pela aniquilação budista, a Consciência então se emancipa, se libera, fica autodesperta, se torna objetiva; as incoerências terminam. Não vem senão a iluminação total, limpa, sem manchas, sem vacuidades de nenhum tipo. Quando temos mente objetiva, Consciência objetiva, a única coisa que reina em nós é a claridade meridiana do espírito.
Então, nos movemos no mundo das matemáticas e das perfeições. Mas isso não seria possível se antes não passássemos pela aniquilação budista.
Poderia sintetizar para vocês a didática, diríamos, da aniquilação budista em poucas palavras: Precisamos viver alertas como a sentinela em tempo de guerra. É no terreno da vida prática, no relacionamento com nossas amizades, em casa, na rua, no trabalho, que os defeitos que levamos escondidos afloram de forma espontânea.
Defeito descoberto deve ser imediatamente julgado, submetido de imediato à análise. Mediante a Auto-Reflexão Evidente do Ser, podemos conhecer diretamente qualquer defeito. Tendo compreendido tal ou qual erro psicológico, indubitavelmente poderemos nos dar ao luxo de desintegrá-lo.
Chegamos ao ponto crítico, difícil, desta palestra que damos aqui. Gurdjieff, Ouspenski, Nicoll e muitos outros autores da quarta via, gnósticos também como nós (porque também somos da quarta via ou quarto caminho), pensaram que poderiam desintegrar qualquer agregado psíquico inumano, isto é, qualquer defeito, qualquer eu, através da simples compreensão criadora e nada mais.
Gurdjieff cometeu um erro imperdoável, com o qual, naturalmente, lançou um grave karma sobre si. Este erro foi ter se pronunciado contra a Divina Mãe Kundalini. Que o fez por ignorância, não o nego. Assim foi! Porém, de qualquer modo, a ignorância da lei não exclui seu cumprimento. Ele confundiu a serpente sagrada Kundalini com o abominável órgão kundartiguador e atribuiu à Devi Kundalini os efeitos sinistros e tenebrosos do abominável órgão kundartiguador.
Para que vocês entendam melhor, lhes direi que há duas serpentes: a que sobre e a que desce. A serpente de bronze que curava os israelitas no deserto, enroscada no lingam gerador, no Tao, e a serpente Piton, com sete cabeças, que se arrastava no lodo da terra e que Apolo, irritado, feriu com seus dardos. A serpente que subia pela vara de Esculápio, o deus da medicina, e a serpente que se arrastava no lodo, a serpente tentadora do Éden.
Eis aqui a dupla pata do galo dos Abraxas, dos gnósticos. Portanto, a serpente que sobre é sagrada, é a Kundalini, e a que desce é o kundartiguador. O erro de Gurdjieff foi atribuir à serpente ascendente os efeitos hipnóticos, tenebrosos e abomináveis da serpente descendente. Foi aí que Gurdjieff falhou.
No México, existe o Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem. Esta é a Escola de Gurdjieff. Porém, pergunto: Quem dentre eles conseguiu eliminar os eus? Qual o estudante que conseguiu libertar a sua Consciência radicalmente? Qual deles chegou à iluminação objetiva? Nenhum! Porque a mente por si mesma não pode alterar fundamentalmente nenhum defeito. Pode, sim, rotulá-lo com diferentes nomes, justificá-lo, condená-lo, buscar evasivas ou escapatórias para evitá-lo; pode escondê-lo de si mesma e dos outros, mas nunca poderá desintegrá-lo. Precisamos de um poder que seja superior à mente e Gurdjieff não aplicou este procedimento sobre si.
Lamento que Gurdjieff tenha desviado o sentido do ensinamento que eu mesmo lhe dei porque Gurdjieff é meu discípulo. Lamento que tenha cometido esse grave erro. Deixou-se influir por outras mentalidades e isso é lamentável…
Assim, olhando as coisas de frente, precisamos de um poder que seja superior à mente e este não é outro que a Kundalini, a serpente ígnea de nossos mágicos poderes. Somente ela pode pulverizar qualquer agregado psíquico inumano, seja este de ira, cobiça, luxúria, inveja etc. Naturalmente, primeiro temos de descobrir o defeito que queremos eliminar. Como segundo requisito, há que trabalhá-lo, compreendê-lo e, como terceiro, eliminá-lo. E podemos eliminá-lo com o poder da Divina Mãe Cósmica, com o poder da Divina Mãe Kundalini.
Porém, há que se apelar à Kundalini, a Devi Kundalini Shakti. Apelar naquele momento em que necessitamos eliminar o agregado psíquico que tenhamos descoberto e compreendido. Sim, há que se apelar a Ela, rogar-lhe que pulverize o tal defeito e Ela o fará.
Agora, o poder máximo da víbora sagrada, da Divina Cobra dos templos, encontra-se na Forja dos Ciclopes. Se um casal invocar de verdade a víbora divina em pleno trabalho na Forja dos Ciclopes, em pleno trabalho sexual espiritual, certamente obterá resposta.
Deve-se, pois, apelar a esse poder transcendental e maravilhoso da cobra dos antigos mistérios divinos. E quem não tem companheira? E a mulher que não tem cônjuge? Também podem apelar à Cobra Sagrada! De qualquer maneira, ela trabalhará para desintegrar os defeitos. No entanto, estou afirmando que o máximo de seu poder está na Forja dos Cíclopes, na Fragua Acesa de Vulcano.
Falo a vocês nesta linguagem serpentina porque são irmãos que já fizeram o Curso de Missionários. Portanto, têm de estar preparados para entender este idioma porque quando se fala dos mistérios sexuais, deve-se falar com decência, com dignidade, jamais numa linguagem vulgar, sempre numa linguagem esotérica, edificante e essencialmente dignificante.
Se conseguirem passar pela aniquilação budista, se conseguirem morrer radicalmente, despertarão absolutamente, aqui e agora. Far-se-ão conscientes da vida nos mundos superiores. Mas é necessário morrer para despertar! Repito: aqui e agora! Quando alguém desperta verdadeiramente, o problema do desdobramento deixa de existir, a pessoa fica consciente tanto no mundo físico como nos mundos superiores. Esteja o corpo dormindo ou desperto, se estará sempre consciente.
O problema do desdobramento astral desaparecerá de forma definitiva e para sempre porque se seu corpo dorme, manterá a Consciência e consciente estará no mundo astral. Ali viverá consciente, agirá conscientemente e regressará à vontade ao seu corpo físico quando quiser. Então, onde fica o problema do desdobramento? Como problema, ele deixa de existir. O importante é despertar… Com a morte se mata a morte por toda uma eternidade!
Terceiro Fator: Sacrifício pela Humanidade
Jesus Cristo disse: “Se vos amardes uns aos outros, provareis que sois meus seguidores”. Jamais conseguiremos cumprir este preceito cristão enquanto continuarem dentro de nós os eus do ressentimento e do amor próprio. É urgente, improrrogável, inadiável, eliminar de nossa psique tais elementos indesejáveis. O eu do ressentimento ou do desejo revanchista sempre deu origem aos grandes fracassos no mundo.
O terceiro fator é o sacrifício pela humanidade. Precisamos amar nossos semelhantes, porém temos de demonstrar nosso amor com fatos concretos, claros e definitivos. Não basta dizer que amamos nossos semelhantes, não! Há que se demonstrar isso com fatos. Há que estar disposto a subir ao altar do supremo sacrifício pela humanidade. Temos que levantar a tocha da sabedoria para iluminar o caminho dos demais. Há que estar disposto a dar até a última gota de sangue por todos os nossos semelhantes, com verdadeiro amor, desinteressado, puro…
De maneira que o terceiro fator de Revolução da Consciência é o sacrifício por nossos semelhantes. Nascer, morrer e sacrifício pela humanidade são os três fatores que nos convertem em verdadeiras encarnações do Cristo Cósmico. Esses três fatores terminam nos convertendo em deuses, ainda que tenhamos corpos de homens. Esses três fatores terminam fazendo de nós algo diferente: transformam-nos em deidades, em deuses inefáveis, Elohim, Daimons etc.
Se trabalhamos com o primeiro e o segundo fatores, nascer e morrer, mas não amamos nossos semelhantes, nada estaremos fazendo para levar a luz do conhecimento a outras pessoas, povos e nações. Cairíamos num egoísmo espiritual muito refinado que nos impediria todo avanço interior. Se somente nos preocupamos conosco e nada mais e nos esquecemos de tantos milhões de seres que povoam o mundo, inquestionavelmente nos auto-encerramos em nosso próprio egoísmo. Dessa forma, o eu do egoísmo não permitirá a iluminação.
O egoísmo pode se apresentar sob formas sumamente refinadas que temos de eliminar. Enquanto tivermos o egoísmo dentro de nós mesmos, não será possível a iluminação. O egoísmo está formado por múltiplos eus dentro dos quais se encontra enfrascada a Consciência. É verdade que há que se desintegrar essa multiplicidade de eus egoístas, pois, se não o fizermos, a Consciência continuará engarrafada, condicionada, aprisionada, limitada… E qualquer possibilidade de iluminação estará anulada.
Devemos compreender que toda a humanidade é uma grande família. Infelizmente, estamos engarrafados em muitos afetos e consideramos unicamente como família a umas poucas pessoas que nos rodeiam. Isto é egoísmo, porque todos os seres humanos, sem exceção de raça, credo, casta ou cor, constituem uma só família. Essa família chama-se humanidade. Se só vemos como irmãos aos que nos rodeiam desde o berço, vamos muito mal. Se unicamente queremos redimir essas pessoas que se dizem nossos familiares, agimos de forma egoísta.
Torna-se indispensável ver em cada pessoa um irmão. Não digo isso por mero sentimentalismo, mas porque em verdade somos todos irmãos. Não é uma frase meramente sentimentalista. É real, tal como se escuta! Somos uma família, uma só grande família que não deveria estar dividida. Uma enorme família que povoa a Terra e que se chama humanidade.
A esses nossos irmãos, necessitamos levar o conhecimento; mostrar-lhes a senda, para que algum dia eles também possam trilhá-la e chegar à liberação final. Se queremos ser felizes, precisamos lutar pela felicidade dos outros. Quanto mais se dá, mais se recebe. Mas quem nada dá, até o que tem lhe será tirado.
Como poderíamos alcançar a autêntica felicidade nirvânica ou paranirvânica, aqui e agora, se não trabalhássemos pela felicidade dos outros? A autêntica felicidade do Ser não pode ser egoísta, a conseguimos apenas através do sacrifício por nossos semelhantes.
Assim, quem conseguiu os estágios mais elevados do Ser, quem ingressou nos mundos paranirvânico, mahaparanirvanico, monádico, ádico ou quem enfim conseguiu fundir-se com o Eterno Pai Cósmico Comum, obviamente sacrificou-se no mundo, de alguma forma, por seus semelhantes e isso lhe deu méritos suficientes para conseguir em verdade a felicidade que não tem limites nem margens jamais.
Para se fazer curso de missionário, deve-se pensar no bem comum; que devemos amar, sim, de uma forma extraordinária a todos os seres que povoam a superfície da Terra. Amar não apenas os que nos amam, porque isso qualquer um faria, mas também os que nos odeiam; os que nos amam porque nos compreendem e os que nos odeiam porque não nos compreendem.
Não deve existir em nós isso que se chama ódio. Há pessoas que destilam e bebem seu próprio veneno e sofrem o indizível… Isso é grave! Não se deve ser tão tonto. Aquele que está destilando e bebendo o seu próprio veneno é um tonto. Aquele que forjou um inferninho em seu entendimento é um néscio; precisa pensar que o melhor mesmo é amar, pois se fizer de sua mente um inferno, jamais será feliz. As pessoas estão todas cheias de ressentimentos. Isso é gravíssimo! Onde quer que exista o eu do ressentimento, o amor não poderá florescer. Não há quem não tenha ressentimentos. Todo mundo guarda em seu coração palavras, fatos ou acontecimentos dolorosos, acompanhados naturalmente de suas conseqüências ou corolários, que são os já mencionados ressentimentos.
Que ganhará quem carrega tudo isto? Nesse sentido, não sabe amar. É revanchista, não sabe amar. Aquele que odeia está muito perto da maldição. É necessário saber compreender os outros, aprender a olhar do ponto de vista alheio, se é que queremos saber amar. As pessoas são incompreensíveis, não querem entender às outras, simplesmente porque não sabem ver do ponto de vista alheio. Se alguém se situa no ponto de vista alheio, aprende a perdoar, aprende a amar. Porém, se não é capaz de perdoar ninguém, não sabe amar.
Agora, perdoar de forma mecânica não serve para nada. Alguém poderia perdoar simplesmente porque aprendeu na doutrina gnóstica que deve perdoar. Isso seria automático, não serve! No fundo, continuará com o mesmo ressentimento, com o mesmo ódio e até com o mesmo desejo revanchista, sufocado e reprimido.
Quando se diz PERDOAR, isso implica uma eliminação. Ninguém poderá perdoar se não eliminar o eu do ressentimento, se não anular o eu do rancor, se não reduzir a poeira cósmica o eu do revanchismo, o eu que quer tirar o cravo etc. Enquanto tais eus não tenham sido eliminados através da compreensão e com o auxílio de Kundalini Shakti, não será possível perdoar de verdade. Se perdoa, isso será automático e perdão automático não é perdão.
Temos de ser sinceros com nós mesmos, se queremos saber amar. Se alguém não é sincero consigo mesmo, não poderá amar jamais… Amar implica em um trabalho, trabalho dispendioso sobre si mesmo. Como alguém poderia amar aos outros se não trabalha sobre si mesmo, se não elimina do seu interior os elementos da discórdia, do revanchismo, do ressentimento, do ódio etc.? Quando tais elementos infra-humanos moram em nossa psique, fica anulada toda a nossa capacidade de amar. Necessitamos amar todos os nossos semelhantes, mas repito: isto implica em um trabalho. Não é possível amar enquanto os elementos do ódio existirem em nós mesmos.
Se queremos amar, devemos ser sinceros. Necessitamos nos auto-explorar, nos auto-investigar, para descobrir esses elementos que nos incapacitam de amar. Existe muito amor fingido nas diferentes escolas de tipo pseudo-esotérico e pseudo-ocultista. Nós, gnósticos, não devemos aceitar o amor fingido; devemos ser exigentes com nós mesmos. Vamos ou não amar nossos semelhantes? Sejamos sinceros! Não se trata de nos deixarmos levar por sentimentalismos sublimes. Poderíamos crer que amamos quando na realidade não estamos amando.
O amor é algo muito sublime. Vou lhes dar um exemplo ou alguns exemplos sobre o amor. O fundador da cidade de Nova York era um homem muito inteligente; tinha uma esposa muito distinta… Quando fundou Nova York, aquilo parecia um paradoxo: ali nada mais havia do que vegetação, árvores, montanhas etc. Ele concebeu a idéia de uma grande cidade ao contemplar aquela região. No entanto, era a época dourada, a época em que nos Estados Unidos as pessoas tinham sede de ouro; coisa que sempre tiveram. Mas, naquela época, era muito mais manifesta a cobiça pelo ouro físico, pelas minas de ouro, etc. Indo-se pelo mundo, cometeu um erro que considerou muito sério: abandonou sua esposa em plena montanha. Não a abandonou por nenhuma outra mulher, não, apenas pelo ouro, para buscar as minas… Um dia soube dela, alguém disse-lhe que ela tinha morrido.
Não se preocupou muito com isso porque não tinha senão ânsias, sede insaciável por ouro. Mais tarde, encontrou uma mulher e casou-se com ela. Construiu uma estrada de ferro e estabeleceu bancos. Quando se tornou um grande homem, falando diante de um auditório, de repente descobriu entre as pessoas que ali estavam, aquela que ele havia abandonado. Aquele homem já não pôde mais falar. Tratou de se segurar, ficou confuso porque julgava que ela estivesse morta. Ela, por sua vez, fora informada que ele havia se casado outra vez e que tinha seis filhos… No auditório, quando se encontraram, ambos levaram a mão à boca… Ele não sabia o que fazer. Foi ela quem falou: “Não te preocupes, sei que estás casado”. Ele estava perplexo, claro, porque recordava seu primeiro amor. Ele a amava, só que sua sede pelo ouro fizera com que a abandonasse… Ele não sabia o que fazer, quando ela continuou: “Podes ir, segue teu caminho”. Ela também o adorava. Ele tentou se afastar e percebeu que não podia, sentiu que era difícil se desprender dela. Porém, ela deu-lhe coragem: “Não olhes para trás, siga em frente, não te detenhas por mim.
Tu deves triunfar. Te amo muito e desejo teu triunfo…” Ele se foi caminhando como um sonâmbulo até que ela partiu. Ela o amava muito… Ele poderia ter deixado a outra mulher imediatamente e ir-se com ela, mas ela preferiu a felicidade dele à própria. Isso é amor! Qual de vocês se sente capaz de fazer isso? Ser capaz de renunciar ao que mais ama pela felicidade do ser amado? É que o amor não quer recompensa; ele é dádiva por si mesmo, ele é trabalho com renúncia aos frutos. O amor não quer senão o bem dos outros, ainda que isso lhe custe a própria felicidade.
Pretender definir o amor é um tanto difícil. Se o definimos, o desfiguramos. Ele é bem mais como uma emanação surgida, diríamos, do fundo da própria Consciência. Ele é uma função do Ser. Temos de entender, temos de compreender a necessidade de amar nossos semelhantes, porque mediante o amor podemos nos transformar. É amando que distribuímos bênçãos, levamos o ensinamento a todos os povos da Terra e encaminhamos os outros com o máximo de paciência. Devemos saber perdoar os defeitos alheios.
Inquestionavelmente, ao levarmos o ensinamento aos outros, encontraremos muita resistência; choverão pedras em muitas ocasiões, porém há que saber amar, perdoar a todos e não reagir.
As pessoas vivem reagindo diante dos impactos que provêm do mundo exterior. Há sempre uma tendência a reagir. Quero me referir às mesas diretoras dos Lumisiais. Em plena assembléia alguém diz algo relacionado a outra pessoa e nunca falta a reação imediata do aludido. Algumas vezes com ira, outras com impaciência, porém de alguma forma sempre reage. Raras vezes tenho visto uma mesa diretora onde algum sujeito permaneça impassível; sem reagir ao que os outros digam. Essa tendência de reagir contra todo o mundo existe em todos. Mas que engraçadas são as pessoas! Basta que se mova um botão para que trovejem e soltem relâmpagos. Se outro botão se move, sorriem docemente.
Os humanoides são máquinas que todo o mundo controla como quer. São como um instrumento musical onde cada um toca sua própria canção. Se alguém quiser que vocês sorriam, basta que lhes diga umas palavras doces, que lhes dê umas palmadinhas no ombro, e sorrirão docemente. Se quiser que se irritem, basta que lhes diga umas quantas palavras duras e já estarão com o cenho franzido e reagindo imediatamente. Aqui mesmo, eu estou conversando com vocês e os vejo um pouco sorridentes. Se neste momento lhes lançasse uma descompostura, que aconteceria? Mudariam de imediato e já não estariam tão sorridentes, as sobrancelhas se mostrariam franzidas… Isso é triste, mas assim é. Por quê? Porque são máquinas; instrumentos que todo o mundo toca, como um violão. Quem quiser vê-los contentes lhes dirá umas quantas palavras doces e já estarão felizes. Quem quiser vê-los furiosos lhes dirá umas palavras duras e já estarão terríveis.
De maneira que dependemos dos outros. Não temos liberdade. Não somos donos de nossos próprios processos psicológicos. Cada um faz de nós o que bem quiser. Umas quantas palavrinhas elogiosas e imediatamente – ah! – somos tomados de auto-importância. Outras palavrinhas humilhantes e que tristes e pequenos nos sentimos. Se cada um faz de nós o que quer, então onde está a nossa autonomia? Quando deixaremos de ser máquinas?
É óbvio que para se aprender a amar, há que se adquirir autonomia, porque se alguém não é dono de seus próprios processos psicológicos jamais poderá amar. Como? Se os outros são capazes de nos tirar do estado de paz e nos pôr em estado de discórdia, como poderíamos amar? Enquanto dependermos psicologicamente dos outros, não seremos capazes de amar. A dependência obstaculiza o amor. Precisamos acabar com a dependência e nos fazer amos de nós mesmos, donos de nossos próprios processos psicológicos.
Quando estive reencarnado como Tomás de Kempis, escrevi o livro imitação de Cristo. Naquela antiga obra, há uma frase que diz: “Eu não sou mais porque me louvam nem menos porque me vituperam, já que eu sempre sou o que sou…” De maneira que devemos permanecer impassíveis diante do louvor e do vitupério, diante do triunfo e da derrota; sempre serenos, impassíveis, sempre donos de nós mesmos, de nossos próprios processos psicológicos.
Assim, por esse caminho, estaremos sempre estáveis nisso que se chama amor. Necessitamos nos estabelecer no reino do amor, mas não o conseguiremos fazer se não formos donos de nossos próprios processos psicológicos. Pois se os outros são capazes de nos enraivecer cada vez que quiserem, se os outros são capazes de fazer com que sintamos ódio, se os outros são capazes de fazer com que sintamos desejo de revanchismo, obviamente não somos donos de nós mesmos e, nessas condições, jamais poderemos estar estabelecidos no reino do amor. Estaríamos no reino do ódio, da discórdia, do egoísmo, da violência, porém jamais no reino disso que se chama amor.
Devemos permanecer estáveis no reino do amor. Temos que nos tornar donos de nossos próprios processos psicológicos. Se batemos numa porta, por exemplo, para dar o ensinamento gnóstico e nos recebem a pedradas, se nos afastamos dali com desejos de vingança ou terrivelmente confundidos, não servimos para ser missionários gnósticos. Se chegamos a um povoado para predicar a palavra, o senhor cura nos corre e nos enchemos de terror, por acaso serviremos para ser missionários gnósticos?
O medo nos incapacita de amar. Do que temos medo? Da morte? Porque, se nascemos para morrer? Que morramos uns dias antes ou uns dias depois, qual a diferença? Sempre teremos que morrer! Do que temos medo? Além do mais, a morte é tão natural quanto o nascimento! Se temos medo da morte, devemos ter também do nascimento, já que são os dois extremos do mesmo fenômeno que se chama vida. Ter medo da morte? Por que? Se tudo o que nasce tem de morrer? As plantas nascem e morrem, os mundos nascem e morrem. A nossa própria Terra nasceu e um dia será um cadáver, ficará convertida em uma outra Lua.
Portanto, por que temer a morte? A morte é a coroa de todos e por certo é até muito bela. Jamais se deve olhar a morte com horror; mas vê-la como ela é. Ver um cadáver em um caixão no meio de uma sala não é ter compreendido o mistério da morte. O mistério da morte é muito sagrado. Jamais poderíamos compreender a origem da vida, o mistério da vida, se antes não tivéssemos compreendido a fundo o mistério da morte. Quando alguém entende de verdade o que são os mistérios da morte, entende os mistérios da vida. A morte nos proporciona momentos deliciosos; com ela vem a paz.
Bem vale a pena não se ter medo ao morrer. Se alguém morre no cumprimento do seu dever, trabalhando pela humanidade, esse alguém será recompensado com créditos nos mundos superiores. Dar a vida por seus semelhantes é algo sublime. Foi isso que fez o Divino Rabi da Galiléia. É o que fizeram todos os santos e todos os mártires: Santo Estevão, apedrejado por ensinar a palavra, Pedro, crucificado de cabeça para baixo e pernas para cima, indicando com isso o trabalho na Forja dos Ciclopes. Esses são os verdadeiros mártires. Esses são os que se sobressaem mais tarde, no Mahanvantara, como deuses.
Assim, temer é absurdo. Que mais poderia nos acontecer? Que nos levassem a um paredão de fuzilamento? E daí? No final, morre-se uns dias antes ou uns dias depois. Isso é algo que não tem a menor importância!
Vale a pena que pensemos em todas essas coisas. Por temor, os homens se armam para matar os outros, por temor há guerra entre as nações… Cada nação teme que outra a invada e por isso se arma; depois vem o desastre. Por temor existem os ladrões, os quais têm medo da vida. Por temor existem as prostitutas, as quais têm medo da fome. Por temor um homem mata o outro. O temor é, pois, a raiz de muitas maldições sobre a Terra.
Temos de acabar com o eu do medo. Devemos deixar o medo no umbral do templo. Infelizmente, há diferentes tipos de medo. Quem tem medo, jamais poderá enfrentar a prova do guardião da imensa região. Como poderia enfrentá-la, se teme? Quem tem medo, ao ver-se fora do corpo físico fica chiando. Até parece que se esqueceu que já deixou sua mamãe, seu papai, seus irmãozinhos, seu avô… E agora, que faço?
Vocês podem ficar seguros que estamos sós, cada um de nós está só e a única família que temos se chama humanidade. Depois da morte, qualquer um tem de chegar à conclusão de que está só. A boa reputação do papai e da mamãe, o carinho dos irmãos e amigos, tudo isso fica para trás. Descobre-se que se é apenas uma criatura da natureza e isso é tudo; sem nome nem sobrenome, terrivelmente só. E o papai, e a mamãe e os irmãozinhos? São tão somente a fascinação de um dia! Nada disso temos, estamos espantosamente sós.
Ao longo do tempo, a única coisa que temos de buscar dentro de nós é o Pai que está em segredo, nossa Mãe Eterna e sempre Divina, a Kundalini, e o Senhor Cristo. E a família? São todos os milhões de seres humanos! Não me refiro somente aos da Terra, mas aos de todos os mundos do espaço. Esta é a realidade!
O que estou lhes dizendo é uma realidade descarnada, mas é a realidade. Descarnada porque vocês querem muito a seus familiares, não é verdade? Agora, se alguém não tivesse família, vocês diriam: Bom, se não a tem, que lhe importa, pois? Não, eu também tenho família e me dou conta de que isso é vão! Não quero dizer que não gosto de meus familiares. Sim, eu gosto deles, como vocês gostam dos seus. Só que eu já experimentei diretamente a realidade da minha própria família e cheguei à conclusão de que família é toda a humanidade.
Não guardo ressentimentos contra a minha família. Não acreditem que estejam ouvindo alguém ressentido, não! Quando falo que experimentei a realidade do que é a família, estou me referindo de forma transcendental ao ensinamento. Fora do corpo físico, ensinaram-me os mistérios da vida e da morte. Em certa ocasião, fizeram com que sentisse a morte por antecipação. Fizeram com que saísse do corpo físico e já fora da forma física fizeram com que me adiantasse no tempo para que eu me visse morto. O que vi? Um cadáver. O que havia naquele ataúde? Um corpo. Qual? O meu. Quem estava diante do ataúde na sala cheia de flores e coroas de defunto? Meus familiares. Entre eles, ali estava minha mãe.
Aproximei-me dEla, beijei Sua mão e disse: Agradeço pelo corpo que me deste, muito me serviu esse corpo, seu resultado foi maravilhoso. Muito obrigado! Aproximei-me de todos os outros familiares, despedindo-me deles.
Abandonei aquela moradia e submergi no seio da natureza, convencido de que estava desencarnado… E o que havia? A natureza: vales profundos, montanhas, oceanos, nuvens, ar e sol. E meus familiares? Tinham ficado no passado, já não tinha mais familiares. Nomes, títulos, minha linhagem, meu povo, minha língua… o que havia restado? Coisas do passado! Agora estava submerso na natureza selvagem. E minha querida família? Somente pude exclamar: Já não tenho família!
Abandonei aquela moradia e submergi no seio da natureza, convencido de que estava desencarnado… E o que havia? A natureza: vales profundos, montanhas, oceanos, nuvens, ar e sol. E meus familiares? Tinham ficado no passado, já não tinha mais familiares. Nomes, títulos, minha linhagem, meu povo, minha língua… o que havia restado? Coisas do passado! Agora estava submerso na natureza selvagem. E minha querida família? Somente pude exclamar: Já não tenho família!
E os seres que me eram próximos? Isso foi no passado, agora estou só, espantosamente só. Sou tão somente uma criatura da natureza; natureza selvagem. O que há são uns vales, umas montanhas, uma terra úmida de chuva… E minha casa? Que casa? Já não tenho casa. E bens? Muito menos bens terrenais; de onde os vou tirar? Então, quem sou? Uma partícula da natureza, de uma natureza selvagem, que nada tem que ver com questões familiares.
Conclusão: minha família é toda a humanidade ou todos os humanoides; todos os mundos, as humanidades planetárias e isso é tudo! No entanto, senti um pouco de tristeza ao perceber que o cordão de prata ainda não se havia rompido. Quisera tê-lo rompido, mas permanecia intacto. Não me restou outro remédio a não ser regressar. Eu pensava que já estava desligado completamente da forma física mas tinha que voltar outra vez. Voltei e entrei novamente em meu corpo.
Esta é, pois, a realidade com relação aos familiares, aos parentes, primos, irmãos, tios, sobrinhos, netos, bisnetos, tataranetos, etc. Enfim, tudo isso, no fundo, nos fascina. Necessitamos elevar um pouco o coração com a frase sursum corda: PARA CIMA, CORAÇÕES! E saber que todos nós somos uma grande família. Precisamos ver em cada pessoa um irmão, sentir cada um de nossos irmãos como carne de nossa carne, como sangue de nosso sangue. Jamais ver os outros como estranhos, como gente diferente, porque isso é absurdo. Todos são uma enorme, uma imensa família que se chama humanidade.
Devemos nos sacrificar por essa imensa família com verdadeiro amor. Se assim o fazemos, seguimos com o 3º fator de Revolução da Consciência em plena forma. Trabalhando pelos outros também somos recompensados. Ainda que renunciemos aos frutos da ação, sempre somos recompensados. Trabalhando pelos outros podemos cancelar o velho karma que trouxemos de existências anteriores.
Conheci muita gente que sofria vários problemas na vida. Por exemplo, econômicos. Aqueles que têm problemas econômicos, inquestionavelmente causaram prejuízos econômicos a outras pessoas no passado e agora colhem daquilo que semearam, bebem do seu próprio chocolate. No entanto, queixam-se, protestam, blasfemam etc. Querem melhorar sua situação econômica, mas não reparam o mal que fizeram, não tomam parte em alguma ação cooperativa, não são capazes de partir seu pão para dar a metade ao faminto, não são capazes de tirar uma camisa para com ela vestir um desnudo, não são capazes de dar um consolo a ninguém, etc. Contudo, querem melhorar economicamente. Claro, solicitam serviços, pedem que os ajudemos no trabalho para mudar sua situação, mas não se preocupam em ajudar ninguém; são parasitas que vivem sob o sol…
Dessa forma, como poderiam melhorar economicamente? Toda causa traz seu efeito. O karma é o efeito de uma causa anterior. Se queremos anular o efeito, há que começar por anular a causa que o produziu. Anula-se a causa que o produziu com inteligência, sabendo-se anulá-la.
Vocês irão se encontrar com todas essas coisas pelo caminho. Uns quererão que vocês os curem, porém eles jamais se preocupam em curar alguém. Encontrarão muitos com gravíssimos problemas econômicos e que nunca pensaram em cooperar de alguma forma com alguém. Cada um tem seus problemas e quem cria os problemas é o Ego. Não há nada mais infeliz que o Ego! Poderemos anular todos os problemas se não tivermos Ego. Quando não se tem Ego, não há problemas. Por quê? Porque não há quem reaja dentro de nossa mente. Não há um revanchista que complique a situação, não há ninguém que odeie em nós ou através de nós. Então, não há problemas. Quem cria os problemas é o Ego e nada mais do que o Ego.
Trabalhando-se em favor dos demais, cancela-se velhos karmas. Quem serve aos outros, serve a si próprio. Quem dá, recebe e quanto mais dá, mais recebe; esta é a lei. Ao Leão da Lei se combate com a balança. Se no pratinho da balança, pratinho do bem, pudéssemos pôr boas obras, a balança se inclinaria a nosso favor e o karma ficaria anulado. Na verdade, há que se ser duro com a balança diante do Leão da Lei. Esta é a chave para vencer o karma.
Como dizem os Senhores da Lei: Quem faz boas obras tem com que pagar suas dívidas. Quem tem com o que pagar, paga e se sai bem nos negócios, mas quem não tem com que pagar, terá que ir para a prisão e perder todos os seus bens. Há que se fazer, pois, muito bem para se pagar as velhas dívidas. Com o capital das boas obras, podemos pagar o velho karma sem necessidade de sofrer; não há necessidade de amargurarmos nossa vida.
Conheço um sujeito que sofre o indizível, está sempre em má situação econômica, sempre na miséria. Em quantos negócios já fracassou? Não há negócio em que se meta que não fracasse. Tem mulher, filhos, e com eles briga incessantemente. Ele é do signo de leão e ela também. Não deviam brigar, mas parece que os leões são assim: não estão contentes e brigam incessantemente. Eu os vi no jardim zoológico de Chapultepec, onde não paravam de brigar. Leão com leão parece não se entenderem… Bom, o curioso do caso é que esse sujeito, cujo nome não menciono, sempre pede que o ajudem no setor econômico, que trabalhemos por ele no mundo das causas e efeitos. Porém, nunca o vi fazer nada em favor de seus semelhantes. Pede, mas não dá. Pede, pede e pede, mas jamais dá. Com que direito pede, se não dá? Como querer que perdoem suas dívidas, se não é capaz de perdoar seus semelhantes?
Todos repetem na oração do Pai Nosso: Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores… Porém, se não perdoa aos seus devedores, aos seus inimigos, com que direito pede ao Pai que o perdoe? Que direito o assiste para pedir perdão, quando não é capaz de dar perdão? Com que direito pede piedade, quando não é capaz de entregar piedade? Com que direito pede caridade, se não é capaz de fazê-la? Assim são todos: pedem, mas não dão. Isso é gravíssimo!
O missionário gnóstico deve dar. O que vai dar? Sabedoria e amor aos seus semelhantes. É isso que ele vai dar. Vai assistir, auxiliar etc., porém, sempre com amor. Podemos ajudar aos nossos semelhantes com as Cadeias Mágicas. As cadeias são maravilhosas tanto para irradiar amor como para curar enfermos. Com as cadeias, podemos invocar os Mestres da Ciência para que eles assistam aos enfermos. Com as cadeias, podemos invocar, por exemplo, Rafael, que é um grande curador universal. Ele é o mesmo que curou o patriarca Jó, o mesmo que curou Tobias. Ele é isso: um grande curador mundial ou universal, um grande médico… Com as cadeias, também se pode invocar médicos como Hipócrates, Galeno, Philipus Teofrastus Bombastus de Hohenheim, Aureola Paracelso etc.
Com as Cadeias, podemos invocar as Potências da Luz para que nos assistam em um dado momento; podemos conjurar as Potências das Trevas para que nos deixem em paz. As Cadeias Mágicas são formidáveis, com a esquerda se recebe e com a direita se dá. As cadeias formam circuitos de forças magnéticas extraordinárias. Com as Cadeias, pode-se fazer grandes obras…
O Movimento Gnóstico Cristão Universal marcha vitorioso em todos os campos de batalha. Ele está em todo o hemisfério ocidental e aglutina uns 5 milhões de pessoas. Nestes instantes, está se preparando para lançar-se à Europa e, claro, dentro em breve estará estabelecido na Europa. Posteriormente, se estabelecerá na Ásia. Temos que trabalhar pela humanidade. Uma vez que tenhamos feito nosso trabalho na Europa, iremos ao Japão para fazer o nosso trabalho em todo o continente asiático.
Estamos entregando à humanidade o Evangelho na Nova Era de Aquário. Haverá um grande cataclismo com a chegada de Hercólubus. Este é um mundo gigante, seis vezes maior que Júpiter e milhares de vezes maior que a Terra. Pertence ao Sistema Solar Tylar; todo um sistema que vem viajando em direção ao nosso Sistema Solar de Ors. É claro que esse mundo, Hercólubus, tem uma órbita enorme, imensa. Cada vez que se aproxima da Terra produz catástrofes. Quando se aproximou da Terra na época do continente Mu, produziu grandes terremotos; surgiram vulcões e no final a Lemúria afundou no Pacífico ao longo de 10.000 anos. Quando se aproximou na época da Atlântida, esta afundou no oceano que leva seu nome, o oceano Atlântico. A Atlântida afundou com todos os seus milhões de habitantes.
Agora, Hercólubus vem outra vez e posso lhes assegurar que vai produzir uma revolução total no eixo da Terra. Quando estiver bastante próximo, atrairá com força o fogo líquido do interior do planeta e então brotarão vulcões em erupção por toda parte, acompanhados de terríveis terremotos. Lembrem-se do que disseram os antepassados de Anahuac, o que para nós, mexicanos, tem um grande valor: “Os filhos do 5º sol perecerão pelo fogo e os terremotos…”
Acaba de ocorrer um grande terremoto na Europa que deu como resultado uns 7 mil mortos (sepultados). O Distrito Federal aqui do México aguarda outro grande terremoto que o destruirá. Este terremoto também afetará todo o norte do nosso país e os mexicanos devem ficar preparados para este grande terremoto.
Assim, pois, haverão grandes acontecimentos no futuro. Quando Hercólubus chegar, o fogo brotará de qualquer parte. Os vulcões aparecerão e os terremotos acabarão com tudo o que existe atualmente. Esse será o dia do grande incêndio universal, profetizado por Pedro em sua Epístola aos Romanos, quando disse: “E os elementos ardendo serão desfeitos, e a Terra, e todas as obras que há nela serão queimadas…”
Posteriormente, a última coisa que Hercólubus fará, em sua suprema aproximação, será produzir a revolução do eixo da Terra. Os oceanos mudarão de leito, os mares serão deslocados, as terras atuais ficarão no fundo das águas; não restará nada, nada, nada, desta perversa civilização de víboras. Tudo será destruído!
Claro, haverá um pequeno grupo que será salvo das águas. Estamos trabalhando com esse objetivo, de organizar este pequeno grupo, e os missionários gnósticos têm o dever de seguir trabalhando. Este grupo será o Exército de Salvação Mundial e será selecionado em seu momento e em sua hora. Antes do cataclismo final, os irmãos do Tibete, entre os quais estou eu, minha insignificante pessoa, trabalharão em equipe para tirar desta horrível civilização de víboras os que tenham trabalhado sobre si mesmos, os que tenham alcançado, pois, a dignidade que lhe corresponde.
Nós os levaremos para um lugar secreto no Pacífico, um lugar onde nada lhes acontecerá. Nisso estamos de acordo, eu e os irmãos de alguns agrupamentos secretos dos Himalaias. Esses que serão levados àquela ilha se converterão no núcleo da futura humanidade. Por aqueles dias, depois do grande cataclismo, a Terra ficará envolta em fogo e vapor de água, e os poucos que formarão aquele núcleo terão de viver em meio à névoa. Poderão ser considerados como os Filhos da Névoa, como os Nibelungos dos tempos antigos. Quando um duplo arco-íris resplandecer no azul do céu, breve novas terras terão emergido do fundo dos mares. Nessas novas terras viverá uma nova humanidade, uma humanidade inocente e pura, uma humanidade perfeita. Então virá a Idade de Ouro anunciada por Virgílio, o poeta de Mântua, quando disse: “Já chegou a Idade de Ouro e uma nova progênie manda…”
Nós estamos trabalhando para criar o Exército de Salvação Mundial. Este é o nosso trabalho, este é o trabalho de todos os missionários. Abriremos Lumisiais por todas as partes com o propósito de ir criando esse Exército de Salvação Mundial. Os tempos do fim já começaram e estamos neles. Hercólubus está à vista de todos os observatórios do mundo. Temos um mapa particular na Associação Gnóstica do México. De onde saiu este mapa? Saiu de uma hemeroteca. Quem o traçou? Foram os astrônomos. Este é um assunto oficial que se conhece em todos os observatórios do planeta Terra. Então, se os senhores astrônomos não o publicam, a que se deve? À censura! Estão proibidos a fim de não levar os povos a um estado, diríamos, de desespero psicológico. Eles estão proibidos por lei, porém não ignoram, sabem de Hercólubus e têm mapas em seu poder. Portanto, o que estou falando é algo completamente oficial, que já se conhece.
Agora, vocês compreenderão os motivos pelos quais nos preocupamos tanto nesses instantes em levar o ensinamento. É claro que temos de cooperar com o Sol. O Sol vai acabar com esta raça e vai estabelecer sobre o mapa do mundo uma nova raça. Necessitamos cooperar com o Sol. Esta raça já deu seus frutos, já deu o que tinha que dar. Estamos na hora final, o relógio do destino está parado. O velho Saturno em forma de esqueleto, com sua gadanha na mão, está parado junto ao relógio. De um momento para o outro, a Catástrofe. Esta é a crua realidade dos fatos, meus estimados irmãos. Por agora, dou por concluída esta conferência com vocês.
Paz !
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