quinta-feira, 27 de junho de 2013

RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE E SÍNDROME DO PÂNICO




Existe relação entre estresse com a Síndrome do Pânico?


POR AGDA MATTOSO 



O modo de vida atual favorece o aparecimento da síndrome, como explica a psicóloga Agda Mattoso 

A Síndrome do Pânico é uma patologia que cresceu consideravelmente, na população nos últimos anos. A síndrome é caracterizada por ataques recorrentes de pânico, que é uma ansiedade grave, e que ocorre independente de uma determinada situação.

Os sintomas que caracterizam uma crise ou ataque de pânico são fisiológicos como palpitação e dores no peito, falta de ar, sensações de sufocamento, tonturas, formigamentos, calafrios. Além destes há sintomas psicológicos como medo de morrer, de perder o controle e de enlouquecer e sentimentos de perda de realidade, como se a pessoa deixasse de ser ela mesma.

Uma das explicações para o aumento da incidência das crises de pânico nas últimas décadas tem relação com o aumento do nível de estresse e com o nível de exigência que a vida moderna nos traz ou que sentimos que ela nos traz. Tal relação pode ser verificada se observarmos o perfil das pessoas que desenvolvem as crises.

Os episódios de pânico geralmente acometem pessoas na faixa etária de 20 a 40 anos de idade que apresentam perfil de grande produtividade, que assumem muitas responsabilidades e tendem a se preocuparem, minimizando as próprias emoções para manter o controle das situações e atender às expectativas internas e externas, o que as torna perfeccionistas e que não aceitem facilmente os imprevistos.

Estas atitudes e modo de encarar o mundo contribuem para o aumento de estresse e para que as situações cotidianas sejam percebidas como mais estressantes, já que o nível de exigência que a pessoa coloca nas situações pode ser maior do que elas realmente são, o que pode culminar num quadro de estresse acentuado.

Os episódios de pânico geralmente acometem pessoas na faixa etária de 20 a 40 anos de idade
O aumento do nível de estresse resulta de uma série de reações químicas do cérebro e da percepção de que as situações são difíceis demais e que a pessoa não dará conta do que tem a fazer, mas por seu perfil perfeccionista, este indivíduo, encara a situação com maior dificuldade e isto pode levá-lo a ter um episódio de ansiedade grave, a crise de pânico.

A principal dificuldade de quem tem ataques de pânico é lidar com as próprias emoções, percepções e sentimentos, pois na tentativa de superar as expectativas e vencer todos os obstáculos a pessoa pode ignorá-los ou negá-los, numa tentativa de mostrar-se mais forte, como se demonstrar sentimentos fosse sinal de fraqueza, e assim pode exceder os próprios limites, lesionando as estruturas psíquicas e emocionais.

Uma maneira de encarar as dificuldades afetivas e amenizar o estresse é trabalhar cotidianamente no enfrentamento destas dificuldades através de atividades físicas, fazendo algo que lhe dê prazer,como ter um hobby ou conviver com as pessoas que se gosta.

Outro caminho também é buscar a compreensão das próprias emoções e sentimentos, o que pode ser feito com a ajuda de um profissional. A psicoterapia auxilia neste processo, pois o objetivo é fazer com que o sujeito dê novos significados às suas atitudes e história e se perceba como sujeito atuante, que apesar de sofrer as ações da vida moderna pode agir sobre a realidade e encarar aspectos que gerem sofrimento, para que assim busque compreender o sentido de suas atitudes e posturas e as possibilidades de atuação diante deste cenário.

Se para uns a superação de obstáculos a qualquer preço é um modo de ser, isso acontece porque no seu percurso de vida isso foi supervalorizado ou porque aprendeu que desta maneira seria mais feliz ou se adequaria melhor ao ambiente social. Entender alguns significados em nossa vida auxilia na compreensão de quem somos e qual o papel que temos no grande teatro da vida, além de nos preparar para enfrentar as questões sociais e de relacionamento. Quando nos sentimos preparados ou com mais recursos para lidar com as situações e exigências da vida cotidiana conseguimos relaxar e estas sensações contribuem para a diminuição do nível de estresse.

Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica)
A característica essencial deste transtorno são os ataques recorrentes de uma ansiedade grave (ataques de pânico), que não ocorrem exclusivamente numa situação ou em circunstâncias determinadas mas de fato são imprevisíveis. Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas essenciais comportam a ocorrência brutal de palpitação e dores torácicas, sensações de asfixia, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrrealização).

Existe, além disso, frequentemente um medo secundário de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar louco. Não se deve fazer um diagnóstico principal de transtorno de pânico quando o sujeito apresenta um transtorno depressivo no momento da ocorrência de um ataque de pânico, uma vez que os ataques de pânico são provavelmente secundários à depressão neste caso.

Agda Mattoso é psicóloga especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia e psicoterapeuta breve pela Unicamp.

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